“Voou…”

Dover Tangará…

Hoje o dia foi muito triste. Meu amigo voou pra sempre.

Foi uma despedida triste e bonita. Acho que a despedida mais bonita que já vivi. Muitos amigos falando de Dover Tangará, lembrando suas piadas, seu jeito de falar, seu jeito de viver. Falaram do chapéu, uma marca registrada. Camilo, presidente da Abracirco, contou que ganhou um chapéu do trapezista. Verônica, do Centro de Memória do Circo, contou que comprou um chapéu para o trapezista. E lembrei dos vários modelos que ele tinha. Dover sempre foi muito elegante, um galã.

A Amercy contou certa vez, que o circense deve saber como se apresentar para o público, como cumprimentar, como chegar e como sair. O Ivan e a Loren me ensinaram a postura da partner. E vi o quanto esse respeito com a plateia, esse “saber se apresentar para o outro” é importante e é ensinado dentro do circo. É um gesto ao mesmo tempo vaidoso e generoso, como se dissessem “sim, sou incrível mesmo” e “sim, sou incrível e estou aqui para encantar você”. Como aquele homem cavalheiro, que abre a porta do carro para conquistar a moça. E como Dover sabia se apresentar… E como Dover sabia conquistar… E no picadeiro, seu cumprimento era muito conhecido. Lembro da primeira vez que vi o trapezista, no Centro de Memória do Circo. A Verônica brincou e pediu que ele cumprimentasse o público… Aquilo foi muito forte! uma dignidade, um brilho… acho que o cumprimento mais bonito que já vi. E na despedida, quando o caixão entrava no túmulo, Camilo gritou… “Senhoras e Senhores, respeitável público, com vocês o maior trapezista de todos os tempos… Dover Tangará!!!” Como se anunciasse nosso amigo para o outro lado… e todos os amigos aplaudiram… foi lindíssimo! E eu fiquei daqui imaginando ele cumprimentando o outro lado… porque isso vai fazer muita falta do lado de cá…

Priscila Jácomo

por circoparaki

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